quinta-feira, 27 de março de 2008

Razão pela qual os choupos do Parque Municipal da cidade da Mêda, estão a ser removidos.

Quando se plantam árvores muitas das vezes não se obedece a determinados critérios, e a escolha das espécies não é a mais adequada em função do espaço, acontecia no passado e ainda acontece nos dias de hoje. É obvio que esta tendência tem de ser invertida e cabe-nos a todos nós, técnicos e cidadãos fazê-lo, por isso vejo com muito bom grado toda esta discussão que se tem gerado neste mesmo âmbito. Assim e sempre que questões destas natureza forem em parte e na totalidade da minha responsabilidade não deixarei ninguém sem resposta, até porque acredito que a mudança começa por aqui.

Todos os anos no mês de Março, Abril e Maio uma gigantesca nuvem de “algodão” parte integrante da semente da espécie, espalhasse por toda a cidade de Mêda provocando na maioria das pessoas, irritações nos olhos, na boca e garganta. Eram 3 meses em que a qualidade de vida dos cidadãos de Mêda se via reduzida, impedindo mesmo o usufruto do parque. Este é apenas um motivo, que constantemente os cidadãos se confrontavam. Uma vez que ia ao encontro da maioria da população residente em Mêda, o seu abate foi levado a assembleia municipal e votado por maioria. Actualmente a plantação destas árvores problemáticas é proibida por lei. Por outro motivo e tratando-se de uma espécie híbrida (modificada geneticamente) o seu crescimento rápido e de forma anormal, a sua fraca resistência mecânica e a curta durabilidade em termos de anos, fazem destas árvores perigosas se tivermos em conta o lugar em que estão inseridas. A projecção da sua copa ocupava cerca de 70% da área total do parque, tornando o espaço bastante frio e escuro, dificultando mesmo o crescimento de todas as restantes espécies arbóreas de maior valor ornamental, além de que não contribuíam nada para um ambiente social mais agradável. Por outro lado o estado fitossanitário precário em que se encontram alguns destes exemplares, e a sua proliferação para outras espécies foi o passo fundamental para o abate dos mesmos. Em algumas das árvores foi detectado o fungo parasita “Fomes fomentarius” que aproveita algumas debilidades da espécie para se alugar e se reproduzir, neste caso a sua capacidade de degradação é bastante acelerada, levando o seu interior a ficar oco e por consequência num tempo incerto provocaria queda da mesma. É uma situação irreversível e sem qualquer tipo de tratamento. Imaginem os danos que uma árvore destas dimensões provocaria se caísse. Uma delas projecta parte da sua copa por cima de uma escola.

Apenas vão ser removidos os choupos, que realmente são árvores perigosas e que um pouco por todo o pais têm causado imensos problemas e estragos. Assim e por saber que estas decisões estão a ser tomadas por uma nova geração de pessoas, capazes de não se deixarem levar pelos sentimentos, mas sim por uma capacidade equilibrada de diferenciar cada caso e agir em conformidade com eles, os meus parabéns pela coragem em levar para a frente decisões destas.
Após a remoção das espécies em questão todo o espaço será requalificado, serão plantadas variadíssimas espécies muito mais equilibradas e adaptadas ao local, tais como, faias, cedros, bétulas, entre outras. Com esta mudança o parque tornarsse-á mais harmonioso e o objectivo principal é que todos os cidadãos possam, usufruir mais intensamente de todo ele.

Para finalizar, gostaria de dizer a menina Mafalda, que também gosto imenso de árvores e que não é com alegria que muitas das vezes abato alguns exemplares pelo país. Faço-o porque faz parte da minha profissão e antes de o fazer é devidamente estudado cada caso. Acrescento que já recusei muitos trabalhos por realmente ter a consciência, do que me pediam não era o melhor para a árvore. Mas também lhe garanto que por cada árvore que é abatida por mim, são sempre plantadas novas espécies a dobrar.

Nota: Em breve e a seu devido tempo publicarei algumas das fotos exemplificativas, que mostram bem o problema que as mesmas apresentam.

6 comentários:

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Obrigado pelos esclarecimentos técnicos prestados. Tal vem de encontro ao que sempre defendi na "Sombra Verde" de aceitar as decisões tomadas por arboricultores, as quais devem servir de fundamentação técnica à decisão política.

Apesar de tudo, o que não significa que me oponha a este abate em particular, tenho alguma dificuldade em aceitar o abate de todos os choupos híbridos com base na alergenicidade dos tais filamentos associados às sementes. Aceito sim que, quando chegarem ao final de vida, sejam substituídos por outras espécies menos problemáticas e mais resistentes.

Mas enfim, são opiniões, o que me parece salutar concluir desta "polémica" é que vale a pena às vezes questionar as autarquias, porque em muitos casos, como no da Mêda, existe uma decisão ancorada em motivos técnicos.

Possa este exemplo da autarquia da Mêda ser seguido por outras autarquias do nosso país.

Tive já ocasião de colocar uma ligação directa para este texto na "Sombra Verde"(no texto "Esclarecimento")e, de igual modo, uma ligação para este blogue nas minhas "Ligações" (confesso que ainda não tinha dado conta da mudança do "sparboricultura" para "Arboricultura Moderna").

Votos de sucesso.
Cumprimentos.

P.s.- As atitudes e as declarações da Srª Mafalda Tina têm que ser interpretadas à luz da "paixão" que esta questão das árvores desperta. Não me parece que a mesma tenha procurado questionar a competência de ninguém, apenas procurou saber dos motivos para o abate destas árvores.
Até porque, convenhamos, o habitual nas cidades portuguesas é a poda e o abate de árvores de forma pouco ponderada.

Possa o vosso trabalho estender-se a mais municípios portugueses.

Reles disse...

Menino Paulo,

Não me interessas os seus motivos, tão pouco os seus gostos, assim como não lhe deve interessar a minha ligação com o belo jardim, que de repente perdeu todo o encanto.


Quando deixar de me mover pelo sentimento, morro.
Para mim uma árvore não é só uma árvore e nunca o vai ser.




De todos os motivos referidos no texto, o único que aceito para o abate das árvores é o de perigo de queda das mesmas, no entanto reparei que esse não é o principal.


Adeus.


Menina Mafalda

Paulo Moura disse...

Menina Mafalda,

Fico preocupado com a visão reduzida que tem acerca destes assuntos, assim compromete seriamente o futuro e a mudança que cabe a todos nós. Torno a frisar que não faço isto por uma questão de gosto, apenas o fiz pelas razões que estão devidamente fundamentadas e você não vive sozinha em Mêda. Seria uma catástrofe se não existisse sentimentos, mas mais ainda quando não conseguimos geri-los de uma forma equilibrada.

Cumprimentos

Paulo Moura

Reles disse...

Meu caro senhor,

Ou sou cobarde, ou tenho visão reduzida, ou sou emocionalmente desequilibrada. Terei de o relembrar que falamos de árvores e não de ofensas???
Você está a atacar-me como se eu o culpasse do abate das árvores.

Eu denunciei o caso e voltava a faze-lo. Sei agora das razões concretas do abate das árvores, e volto a dizer-lhe, só uma me parece válida, a do perigo de queda.


Mafalda Tina

Silvério disse...

Não sei o que se passa em Mêda, mas na minha freguesia, o que vejo são árvores, muitas novas ainda, algumas com medos de 10 anos, a serem podadas de forma intensiva. o que faz com que, ao longo dos anos vão apodrecendo, até que todos os anos, muitas não voltem a "rebentar". Assim podem abatê-las com motivo, mas claro não sou técnico.

Outra coisa curiosa, é o interesse particular em plantar palmeiras. É estudada essa escolha? É que muitas vezes as plantam, morrem e depois voltam a plantar outra coisa.

Unknown disse...

Caros, vivo na Parede, conselho de Cascais, e aqui existe um ataque indiscriminado aos platanos. levam com cada razia que até mete dó. os platanos ficam a parecer umas vassouras só com paus e meia duzia de folhas. nunca vi arvores ficarem tao feias como estas. depois admiram-se que morram e caiam sobre os carros. sera que a autarquia nao merece um processo crime? como denunciar esta barbarie visivel aos olhos de todos? Paulo Relógio