Trepadores em competição nas árvores de Serralves
Quando Jorge Rocha começou a sua actividade de arboricultor, em 1990, estaria longe de pensar que, 17 anos depois, os jardins da sua "casa" de trabalho, a Fundação de Serralves, no Porto, acolheriam um campeonato internacional de escalada de árvores. O antigo jardineiro, que passou a ganhar a vida nas alturas, não vai competir, mas pertence à equipa organizativa do concurso, que procura, sobretudo, dar a conhecer uma actividade ainda pouco desenvolvida em Portugal.
Durante os próximos dias 12 e 13, os concorrentes vão "correr" pelas árvores acima, procurando ultrapassar as dificuldades com perícia e o mais rapidamente possível. Além da escalada livre, o campeonato é composto por mais quatro provas lançamento do saco, footlock, resgate em altura e deslocamento (ler caixilho). No dia 11, o espectáculo passará pela preparação das árvores para a corrida dos trepadores. Já está assegurada a participação de cerca de 20 concorrentes (portugueses e estrangeiros), mas os interessados ainda podem inscrever-se.
"O objectivo é promover a actividade e mostrar às pessoas, através da competição, a realidade deste trabalho", explicou Paulo Moura, da organização, acrescentando que o campeonato integrará, ainda, a realização de sessões de workshop com técnicos internacionais e uma pequena feira de equipamentos ligados ao sector.
Profissão por reconhecer
A expectativa é atrair o maior número de pessoas possível, ajudando a cimentar uma profissão - arboricultor - que, queixa-se Paulo Moura, ainda não é reconhecida oficialmente, nem tem escolas ou cursos públicos disponíveis. "Continuamos a ser muito poucos. Está melhor do que quando comecei - havia zero...- , mas somos poucos", constatou Jorge Rocha, lembrando que corre todo o país em trabalho.Aprendeu a profissão em 1990 com um técnico inglês, aproveitando uma oportunidade que a Fundação de Serralves deu a todos os seus jardineiros. Desde essa altura, passou a escalar e a tratar de árvores por todo o país, sempre com vínculo a Serralves. Como a actividade exige muito esforço físico e a idade vai avançando, Jorge Rocha já vai ficando cada vez mais no solo, a dar apoio a outros técnicos, como Paulo Moura. "Como arboricultor trabalho desde 1999, mas trepo às árvores desde criança", explica, sorridente, este técnico."Esta é uma profissão de desgaste rápido, ainda mais do que, por exemplo, jogador de futebol mas continua sem ser reconhecida", acrescentou.
Os acidentes que tanto Jorge Rocha como Paulo Moura já sofreram comprovam que se trata, também, de uma "profissão de risco".Mas o campeonato em Serralves não se destina apenas a arboricultores.
Também recolectores de sementes, que "habitualmente usam a escalada como técnica de acesso a árvores de grande porte", são potenciais concorrentes da prova organizada pela Sociedade Portuguesa de Arboricultura.
Texto: Hugo Silva
Fotografia: José Mota
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário